terça-feira, agosto 02, 2005

Muy Contenta Con Mari

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Se eu fosse filho do Dr. Pinto Balsemão, abria-lhe a "Única" e dizia-lhe:

"ò Papá, Golf está bem. O Ténis, também está bem, mas não acha que está na altura de evoluirmos e acompanharmos os tempos? Não acha que é altura de deixarmos de dar cobertura a eventos medievais como estes que na Única (do Expresso) tanto gostam? Faça lá um telefonema ao Mr. Night e aperte-lhe os calos."

Confesso que gosto muito da Única pela Pluma Caprichosa (da Clara Ferreira Alves), pela Crónica Feminina (da Inês Pedrosa), pela Lá Fora (da Cândida Pinto), pela Bomba Inteligente (da Carla Quevedo), mas, chegando ao Verão, as edições do grupo do Doutor Balsemão(com a excepção do Blitz - era só o que faltava mas também já não me supreendia), na sua maioria, dão sempre o seu ar de graça de simpatia pela "tradição".

Na edição de 30 de Julho da Única, a revista que acompanha o Expresso, tinhamos, na página 30, um artigo sobre as manas Tavares, as três melhores atletas nacionais no salto à vara, em que a página (não o título) foi baptizada de "Hegemonia". Na página 32, tinhamos uma trabalho sobre um jovem futebolista brasileiro, em que a página só podia ser chamada de "Estrela" pois o artigo era "O Drible do `Foquinha´". Na página 34, escrevia-se sobre Rodrigo Serra, um veterinário a fazer investigação sobre leões no Botswana e, claramente, a página teria que se chamar "Investigação". Na página 36, havia um artigo sobre Mari Paz Vega, uma pobre desgraçada que teve que deixar a sua pátria, Espanha, para ir fazer pela vida no México, Colômbia, e Venezuela. Isto porque, "pobrecita" de Mari Paz, no seu país, os homens são "muy" machistas e as mulheres ainda "mas"e por isso nunca conseguiu exercer plenamente a sua profissão como artista, corajosa, diga-se. Finalmente, a 3 de Julho, Mari Paz deixou de ser uma pobre infeliz espanhola a viver pelo estrangeiro e lá a aceitaram em Las Ventas (lindo nome). Com muita pena minha, não dizem quantos rabos, orelhas, e sei lá mais o que cortam, ao vivo e a cores, aos desgraçados dos touros (que tiveram a infelicidade de não nascerem gatos ou cães) que Mari cortou na sua alternativa em Madrid, nas tais Las Ventas.

Parece que Mari Paz agora já é uma mulher feliz, por, finalmente, ter licença para matar em Espanha, em vez de andar a matar, ao vivo e a cores, novilhos e bezerros lá para a América do Sul. Aliás, o Expresso não vacilou e fez questão de juntar ao artigo uma foto, em grande plano, de um touro com o dorso devidamente crucificado e farpas e lavado em sangue e, com Mari Paz, mostrando o que vale e com uma daquelas expressões belas que os toureiros desenham enquanto demonstramos seus dotes artísticos. E, já agora, que título teve esta página? "Maria"? "Machismo"? "Arte"? "Mal Temperado"? "Ecologia"? "Terapia da Violência"? Não, Senhores, não. O título da página é "CORAGEM" e o título do artigo é "A Consagração da Matadora". Olé!!!!

Já agora dou NOTA DEZ ao Prof. Marcelo por, nas "Escolhas de Marcelo", ter assinalado que os Reis de Espanha estiveram nos Açores e apenas foram acompanhados por duas fragatas da sua (nossa - não somos já uma região não-autónoma de Espanha?) marinha. As nossas fragatas estariam ocupadas a guradar os Meros das Selvagens, em vez de marcarem uma presença de soberania? No fundo, se essa fosse a razão, seria até mais nobre que andar a consumir combustível para transportar os fotógrafos da Hola!.

Os Reis parece que ficaram "muy contentos" com a tourada de cordas que (Carlos) César ofereceu a El Gran (Juan Carlos) César, Rey de Espana e Portugal. Muy bonito.