domingo, outubro 10, 2010

Solomon Burke (1940 - 2010)

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Solomon Burke foi um daqueles músicos que deu uma nova vida, no seu ressurgimento, já numa idade avançada, ao seu início de carreira que viveu sempre na sombra dos grandes nomes da época e da sua geração como Ottis Redding e Wilson Pickett.

Nascido em 1940, num gueto, numa América profundamente racista e segregada, a religião e a fé fez parte da sua vida desde cedo. E foi nessa comunidade que a música cresceu em si e consigo. Na sua adolescência já dava os seus sermões, na sua igreja, e o gospel era, obviamente, uma importantíssima parte dos seus dias. Mas essa sua faceta não se ficava apenas pela sua comunidade pois começou a fazer um programa de rádio, com a religião e o gospel como temas nucleares. Tornou-se um sério pregador e padre na sua comunidade (tendo dito em diversas entrevistas que tinha a sua própria igerja) e esteve com Martin Luther King diversas vezes (com quem nunca fez rádio, ao contrário do que consta na Wikipedia em português). Aos vinte e um anos, seis anos depois do seu primeiro contrato discográfico, com a nova-iorquina Apollo Records, e um ano depois de assinar pela Atlantic Records, teve o seu primeiro grande êxito, "Just Out Of Reach". Este foi apenas um dos trinta e dois singles que Burke lançou pela Atlantic Records, tendo seis deles chegado ao top 1o de R&B norte-americano, tornando-o como uma dos mais importantes artistas, senão o mais importante, para a catálogo da Atlantic Records nos anos sessenta e possibilitando a viabilidade económica da editora até 1965. Desse grupo de seis singles, encontrava-se "Cry To Me" (que também teve uma versão dos Rolling Stones) que voltou a ser um grande sucesso na década de oitenta, por ter sido integrada numa cena do filme "Dirty Dancing" mas que não fez parte da primeira versão, da edição em disco, da banda sonora. Burke também esteve presente nas mentes de milhões de jovens, por volta de 1964, mas pela versão dos Rolling Stones de "Everybody Needs Somebody To Love", incluido no segundo disco da banda, tema de Burke, Bert Berns e Jerry Wexler, que teve também uma versão por Wilson Pickett (colega de catálogo de Burke na Atlantic) e pelos Blues Brothers (John Belushi e Dan Ackroyd)mas essa na década de oitenta. Depois de abandonar a Atlantic Records, em 1969, e, apesar de nunca deixar de editar nas décadas de 70 e 80, dedicou-se ao seu negócio, como empresário, de uma cadeia de casas funerárias. Apesar de dezenas de discos até ao século XXI, talvez pelo reconhecimento da sua importância e por integrar a Rock & Roll Hall of Fame em 2001, a sua carreira musical recebeu um novo vigor, colocando-o novamente nas bocas dos fazedores de opinião. Foi o seu disco editado em 2002, "Don´t Give Up On Me", produzido por outro músico esquecido pelos media, Joe Henry, e com o qual recebeu um Grammy para o melhor disco de blues, em 2003, que Burke passou a estar definitivamente no radar da história da música popular até ao seu fim. Esse disco tinha a característica quase inédita de ter composições de grandes compositores escritas, exclusivamente, para Burke. E quando falamos em compositores de grande nome, referimo-nos a Barry Mann, Brian Wilson, Cynthia Weil, Bob Dylan, Elvis Costello, Van Morrison, Tom Waits, Elvis Costello, Nick Lowe, e o próprio Joe Henry, que todos apontam Burke como uma grande influência nas suas carreiras. Seguiu-se, em 2005, "Make Do with What You Go", um disco produzido por Don Was mas com, como seria de esperar dele, demasiado chantilly por cima do bolo, mas, ainda assim, Burke fez milagres fazendo esquecer um pouco o açucar de Was. Em 2006, Burke grava um disco em honra e respeito por outro estilo musical que ele confessou tanto o influenciar, o country, e "Nashville" torna-se outro marco na sua carreira esquecendo o alto vlaor glicémico dado pela produção de Don Was e cavando um fosso para o disco, dispensável, que se seguiria em 2008, com uma oferenda de Eric Clapton. Mas Burke voltaria a supreender-nos este ano com "Nothing´s Impossible", disco produzido (e com algumas composições em parceria) com outro grande nome da soul, Willie Mitchell, reconhecido arranjador, compositor e produtor que faleceu, este ano, em Janeiro, antes da edição do disco. A 1 de Outubro, Burke editou um novo disco, "Hold On Tight", que tinha gravado com a famosíssima (na Holanda) banda De Djick, e que, a propósito desse disco, Burke se deslocava, este domingo, para um concerto, esgotado, com os De Djick, na próxima terça-feira, para Amesterdão. Infelizmente, Solomon Burke faleceu no vôo entre Los Angeles e a capital holandesa.