quinta-feira, março 18, 2010

Alex Chilton (1950-2010)


Quando no mundo dos media mainstream se fala de música e de Memphis, Tennessee, os dois nomes que saltam para a primeira linha são, inevitavelmente, B.B. King e Elvis Presley, ficando esquecidos os que, por uma razão ou outra, não tiveram os singles suficientes no top para serem notícia. Alex Chilton, um enorme talento que atravessou três décadas da música pop como referência de alguns projectos mais importantes do pop/rock alternativo e mainstream , faleceu, aparentemente, de problemas no coração, segundo o New York Times.

Alex Chilton iniciou a sua carreira no mundo da pop aos dezasseis anos, depois de ter sido escolhido como vocalista para uma formação já existente que viria a tornar-se nos Box Tops. Nesse quinteto de soul branco, viria a destacar-se pela sua voz mas só viria a contribuir com um tema para a história do grupo, isto, em grande parte, porque este era uma espécie de banda gerida por fora, pela editora e por uma dupla criativa que compôs a maioria das canções dos Box Tops. De uma carreira de quatro LPs, "The Letter", de 1967, tema de disco homónimo e o primeiro na história do grupo, foi o single de maior sucesso da banda, tendo sido número um, durante quatro semanas, no top da Billboard, nos Estados Unidos da América.

Mas as sua estrela é descoberta no seu percurso com os Big Star, ao lado de Chris Bell, Jody Stephens, e Andy Hummel, formação que apenas editou três discos mas que, na sua priemira fase, deixaram um marco na história do pop/rock norte-americano com influência global. "Radio City", de 1974, o segundo disco da banda, sem o Chris Bell, é a pérola da carreira para alguns. Há quem tenha opinião inversa e mencione "#1" como o melhor disco dos Big Star. Depois do fim do projecto, e com um terceiro disco completamente gravado, que é, na realidade, um disco a solo de Chilton, "The Third" (também designado como "Sister Lovers") fica na gaveta até 1978. Chilton segue uma carreira a solo que dá à luz, em 1975, o seu primeiro disco (oficial) a solo. Segue-se uma carreira bastante espaçada no tempo, em termos de edições, e só em 1987, com "High Priest", produz um disco digno de menção, ficando para trás apenas duas obras que não fizeram história. A partir daqui o seu trabalho navega maioritariamente em discos de versões. Em 2005, os Big Star regressam aos discos mas da banda original pouco resta, para além de Chilton e do baterista original, Jody Stephens, levando a dizer-se que este não foi um disco dos Big Star mas um a solo de Alex Chilton.

Ouvir os três discos dos Big Star é testemunhar influências que se ouvirão em discos que mais tarde nascerão, de Tom Petty, dos Teenage Fanclub, dos Ride, dos R.E.M., dos dB´s, dos Posies, entre muitos outros.

Foi este "redescobrir" dos Big Star e a sua menção como vital influência por parte de muitos artistas que, ironicamente, tiveram mais sucesso comercial que os próprios Big Star, que manteve a banda viva assim como a carreira de Alex Chilton.

Depois de anos de edições dos Big Star, por editoras independentes quase obscuras, a Rhino Records tem sido a grande responsável pela reedição das suas obras. Em Setembro do passado ano, a Rhino editou uma caixa,com quatro cds, denominada como "Keep An Eye On The Sky", com os maiores êxitos e raridades da banda.

The Box Tops - "The Letter"


Big Star (num regresso)


O tema "Alex Chilton", do disco de 1987 dos Replacements, eternizando Alex Chilton.


Referência: AllMusic