Nunca esperei escrever esta entrada. Sempre pensei que iria estar connosco até não ter mais força na sua voz para falar na rádio. Infelizmente, não. Esta manhã liguei a rádio para ouvir uma notíca triste. Muito triste. António Sérgio morreu. António Sérgio, aquele nosso companheiro de noites passadas, sem luz, a olhar para um tecto negro e a esperar a sua voz para sabermos o que ele tinha acabado de passar, para escrevinharmos, geralmente mal, num papel e pedirmos a alguém que nos trouxesse. Era assim, na época do vinil, dos singles, dos dias de passatempo em que ele passava temas que nós tinhamos que adivinhar a banda e o tema. Eram difíceis e só os realmente atentos e grandes fãs conseguiam vencer os passatempos. Por essa altura, também descobri que aquele homem misterioso não fazia só programas com música "estranha", que mais ninguém passava, mas também outra rádio, uma rádio que eu não ouvia. Afinal, o direito à diferença era falar para todos e ouvir todos. Outra lição que ele me ensinou.
Muito mais tarde, tive a oportunidade de o conhecer, a ele e à Ana Cristina, a outro metade tão importante na vida e dos programas do António Sérgio,a vaidade de lhe emprestar alguns discos, e saber que ele, apesar da "insituição" que era, era um homem simpático, afável, humilde, e capaz de falar e ouvir um miúdo como um adulto.
O António Sérgio partiu mas viverá sempre connosco, naqueles que cresceram e que cresciam a ouvi-lo na rádio, e que, sem ele, não seriamos o que somos nas nossas escolhas musicais.
Para ele, uma banda e uma música que ele estreou e que passou tantas e tantas vezes para os seus deliciados fãs. O Sérgio nunca será esquecido.
Os meus sentidos pêsames à sua família e amigos.