segunda-feira, julho 23, 2007

Serviço Público

Agradeço ao Serviço Público prestado pela RTP ao oferecer-nos uma tourada a finalizar antes das 2o.00H. É pena não ser de morte porque podiamos cortar logo o bife e pô-lo a grelhar, não era? E exportávamos a ideia, em pacote, com a forma inovadora que fazem a cobertura de espectáculos como o "Concert for Diana", "Live Earth"...

É realmente confrangedor ver o programa do provedor da RTP. Para que é que serve? Para ouvirmos o provedor e, por vezes, o Director de Programas, como aconteceu no último programa, dizerem-nos, por outras palavras, como é óbvio, que têm muita pena, que até falharam, mas gostemos ou não, eles é que sabem e é assim que vai ficar?

Foi exactamente isso que se passou há uns meses na resposta a telespectadores que se pronunciaram contra a transmissão de touradas pela RTP e o mesmo se passou nas recentes reclamações relativas ao Live Earth. A argumentação dada por Nuno Santos, justificando a forma da transmissão do Live Earth pela RTP, devia constar no YouTube (mas todo o programa ainda está aqui no site da RTP que devem ver, não só pela justificação do Director de Programas, mas também pelas palavras de diversos espectadores e do jornalista Jorge Mourinha). De notar que Nuno Santos justifica o atraso nas transmissões por a RTP receber a transmissão em diferido. No entanto, todo o dia e a noite, os apresentadores, como tinha acontecido no "Concert for Diana", disseram sempre que os concertos eram em directo e Maria Elisa, ainda neste programa do provedor, diz que os espectáculos transmitidos pela RTP, do Concert For Diana, eram em directo, o que quer dizer que, ás dez da noite de Lisboa, naquele dia, ainda era dia em Londres.

As palavras de Nuno Santos no programa do Provedor foram estas:

"A RTP1 é um canal nacional e generalista que trabalha para todos os portugueses. Portugueses de todas as classes sociais, de todas as regiões do país, de todas as idades. Com este horizonte, e não é possível confundi-lo com as elites, as pseudo-elites ou simplesmente com aqueles que têm mais acesso à informação ou ao conhecimento, acontecimentos como o espectáculo de homenagem à Princesa Diana ou o Live Earth necessitam de enquadramento e de contextualização de modo a serem efectivamente entendidos por todos. O princípio é este. Não abdicamos dele. Temos a convicção profunda que este é o princípio que está certo. O caso do concerto do dia 1 não me merece aliás nenhum comentário em particular. Maria Elisa e Júlio Isidro são dois grandes profissionais de televisão. Aliam, ao talento, muito trabalho, minimizando a margem de improviso. No caso do Live Earth diria que falar e escrever é fácil. Eu também sou crítico, neste caso, auto-crítico do nosso trabalho no dia 7 de Julho. Também senti a falta da música. Também considero que houve excesso de intervenções mas quero explicar, aos espectadores da RTP, que aqui, em Lisboa, recebemos um sinal de televisão internacional, emanado de Los Angeles, nos Estados Unidos. Essa emissão internacional, contrariando as indicações que nos tinham sido dadas, era totalmente feita em função do horário americano, e ignorava os fusos horários europeus. Posso dar um exemplo: Madonna cantou em Londres, no Estádio do Wembley, ás 21:50, à mesma hora do que em Lisboa, mas nós só recebemos aqui a sua actuação quase ás três da madrugada. Esta questão foi referida inúmeras vezes pelos nossos apresentadores. A RTP foi confrontada com esta situação, que acabo de descrever, pela primeira vez, na quinta-feira anterior, já de noite. Finalmente uma palavra para as muitas palavras. A presença de determinados convidados é concerteza subjectiva, uns terão gostado, outros não, mas há factos. Pela nossa emissão passaram dezenas de personalidades, quase sessenta, ligadas ás causas ambientais e ao estudo das alterações climáticas, organizações não-governamentais, institutos públicos, cidadãos com trabalho feito junto das escolas, das zonas mais desfavorecidas, das populações mais idosas. Foram explicadas centenas de questões que fazem parte do nosso quotidiano mas sobre as quais reflectimos pouco ou nada."


É preciso cuidar da Terra e transmitir umas touradas. "Foi bonita a festa, pá."*

* Chico Buarque